Um prédio soviético abandonado em Berlim


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Nosso amigo Felipe Tofani mora em Berlim já há algum tempo.

Durante as suas horas de folga, ele se dedica àquilo que a gente mais gosta de fazer aqui no VC: deixar de lado os lugares óbvios e populares para explorar o que é diferente, curioso e principalmente desconhecido.

Algumas semanas atrås ele foi conhecer uma instalação soviética abandonada há 20 anos no meio da capital alemã.

Mas pra isso, ele teve que invadir o local.

E ele te conta tudo aqui:

Resolvi passar meus últimos dias de férias, no fim de agosto, fazendo algumas coisas que estava enrolando há meses para fazer. A mais interessante de todas foi visitar Krampnitz. Desde que mudei para Berlin, minha vontade de sair explorando lugares estranhos e abandonados cresceu bastante e que lugar seria melhor pra explorar do que uma antiga caserna soviética? Inspirado por alguns posts que vi por ai, acabei tomando vergonha na cara e indo para lá. Acabei passando dois dias por lá, tirei centenas de fotos e consegui ver tudo que esperava ver por lá. Mas, primeiro, deixa eu falar um pouco sobre o lugar.

A Caserna de Krampnitz foi construída entre 1937 e 1939 como um centro de treinamento militar pra cavalaria e tropas motorizadas. O nome do local mudou algumas vezes durante a Segunda Guerra Mundial e, em abril de 1945, os soviéticos acabaram tomando a base e só saíram de lá em 1994 quando eles saíram de vez da Alemanha. É possível ver alguns edifícios que foram construídos nessa fase mas, como eles não possuem algo especial, acabei não explorando muito eles. Depois que os russos deixaram Krampnitz, o local foi abandonado. O pessoal do governo de Brandenburgo cogitou fazer um centro turístico no local com foco no futebol mas nada aconteceu. Sei que um grupo de investimento dinamarquês comprou grande parte do local mas nada foi feito por lá. Pode ser que, em alguns anos, tudo que você vai ver nesse post se transforme num grande parque de diversão, um resort ou alguns apartamentos e casa de alto luxo. Mas, no momento, não temos nada disso.

Agora, imagine que temos uma antiga base militar em decomposição bem perto de uma das maiores cidades européias. O que você faria com esse local além de explorá-lo? Parece que a produção de filmes apocalípticos e sobre a Segunda Guerra Mundial foram uma solução viável. Tanto que, filmes como Enemy At The Gates e Inglorious Basterds foram filmados no local e algumas locações estão bem parecidas com o que foi filmado.

Krampnitz é bem fácil de chegar e um ônibus que sai da estação de trem em Potsdam deixou eu e minha esposa bem na porta do local. Os portões estão com cadeados, como esperávamos mas foi bem fácil encontrar um buraco no muro. Como imaginei que Krampnitz não deveria ser um dos locais mais seguros do mundo, já que li alguns posts online alertando sobre a presença de neo-nazistas, junkies e uma van de segurança que patrulha o local de vez em quando, cheguei lá num estado de alerta excessivo. Com o tempo, acabei relaxando e aproveitando a exploração.

Krampnitz

No primeiro dia, nosso passeio não foi dos melhores. O cassino, local de encontro dos oficiais e um dos prédios mais fotografados e famosos de Krampnitz, estava bem lacrado com pedaços de madeira por quase todas as portas e janelas e acabamos não conseguindo fazer muita coisa. Exploramos outros prédios e demos uma volta enorme na caserna. Algo que não aconselho a ninguém já que o lugar é enorme, cheio de mosquitos e outros insetos. Além de que a maioria dos prédios foram usados como residências militares então todos eles são bem parecidos e oferecem a mesma mistura de pisos decompostos, paredes descascando, jornais antigos mofados usados como forro e vidros e outros objetos quebrados pelo chão. No primeiro dia, descobrimos onde fica o teatro/cinema, encontramos as garagens de tanques, vimos os centros de treinamento, o ginásio com sua quadra de esportes em decomposição e fiquei pensando no que fazer no dia seguinte.

Krampnitz

Krampnitz

Krampnitz

Se você já viu algum post sobre Krampnitz, sabe que lá existe um mosaico com uma águia nazista que, de acordo com as lendas do local, foi preservada pelos russos e até hoje está por lá. Nosso objetivo sempre foi o de encontrar esse mosaico mas, depois de andar muito no primeiro dia, resolvemos voltar para casa e pensar mais sobre onde esse mosaico poderia estar e como que encontraríamos ele.

Nosso segundo dia foi bem melhor. Levei algumas ferramentas para ajudar na remoção dos pedaços de madeira que impediam a entrada no cassino e em outros prédios e, assim, tudo ficou muito mais fácil. Entrar no cassino fica fácil quando você pode retirar parafusos e pregos e pular pela janela na sequência. Mas, o prédio é grande e tem alguns andares e várias portas lacradas que não levam a lugar nenhum. Acreditava que o mosaico estaria nesse prédio mas acabamos não encontrando nada por lá. Pelo menos eu posso dizer que visitei um dos lugares onde filmaram Inglorious Basterds.

Minha esposa resolveu levar uma amiga e tirar algumas fotos mais interessantes no local e, enquanto ela fazia isso, consegui explorar alguns prédios um pouco melhor. O antigo teatro/cinema, foi um dos que explorei melhor mas, como não levei nenhuma lanterna boa, acabei não conseguindo ir para o subsolo e ver o que tinha por lá. E, foi lá que consegui ver alguns murais soviéticos, encontrei um livro stalinista em russo perdido no meio de alguns escombros e me diverti achando que eu era uma espécie moderna e medíocre de um Indiana Jones.

Krampnitz

Krampnitz

Depois de algumas horas de exploração e com o cansaço a flor da pele, já estávamos quase indo embora e desistindo do mosaico quando insisti em explorar um dos primeiros prédios que vimos, um que provou ser um dos maiores que entramos em Krampnitz. Usei minhas ferramentas para abrir a porta que estava lacradas com grandes pedaços de madeira e, foi lá dentro que encontramos um dos prédios mais bem cuidados. Acho que bem cuidado não é o termo certo a ser usado aqui mas, esse prédio parece ser um dos menos deteriorados. E, foi lá que encontramos o mosaico nazista que tanto procurávamos.

Krampnitz

Mas, parece que chegamos tarde demais e a suástica que, dizem as lendas, sobreviveu aos anos soviéticos, foi coberta com gesso por alguma pessoa que se importa demais com antigos símbolos e resolveu vandalizar o local. Não gosto da ideia de ver esse mosaico, que sobreviveu tanto tempo ser vandalizado hoje, mas não posso fazer muita coisa. Chegamos tarde demais e perdemos uma visão que parece ter sido bem gloriosa.

Não sei ao certo se esse mosaico é original já que tantos filmes de guerra foram filmados no local e ele poderia, facilmente, ter sido feito para esses filmes. Mas, quando você vê ele de perto e olhando para todos seus detalhes, dá pra ver que, seja lá quem fez isso, teve um cuidado bem grande. Por isso mesmo acredito que ele seja mesmo um mosaico nazista que sobreviveu a Segunda Guerra Mundial e a dominação soviética. Acredito que os soviéticos manteram esse mosaico intacto como souvenir de guerra e, isso faz sentido na minha cabeça.

Caso você queira visitar o local, leia abaixo algumas das coisas que aprendi nesses dois dias de exploração:

- Lembre-se que a área é uma propriedade privada e você pode ter problemas com isso caso seja visto pelos seguranças que patrulham o local.
- Não se esqueça de ir de calças e com um tênis resistente e confortável já que o local é bem grande e cheio de escombros.
- Leve uma lanterna potente caso pense em explorar o subsolo de algum prédio.
- Água e qualquer coisa que você queira comer podem ser coisas úteis para levar já que o lugar é bem grande e você vai ficar um bom tempo por lá.
- Tome cuidado por onde anda e preste atenção onde você entra já que vi vários restos do que acredito serem objetos deixados por junkies.
- Vi algumas pixações neo-nazistas no local e, talvez, eles possam estar por lá quando você visitar Krampnitz. Preste atenção.
- Cuidado com onde você pisa. Alguns locais estão bem úmidos e a madeira não parece que está das mais resistentes.
- Não seja um dos idiotas que visita o local e sai quebrando tudo e roubando as poucas coisas que ainda existem por lá. Não seja esse idiota.

Então, aproveitem as fotos desse posts e todos os links que tem no texto. Visitem o local antes que ele se torne uma memória distante e não destruam o que vocês virem por lá

Muitas outras fotos: Krampnitz – a set on Flickr

Krampnitz


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E aí, pronto pra fazer as suas invasões também?
Se você tem algo pra nos contar, escreva pra gente. Vamos compartilhar o que de mais criativo existe no fascinante mundo das viagens. Nossas informações de contato você encontra clicando aqui.

Valeu Felipe, e até o próximo post!

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comentários

4 Responses

  1. Luana
    Muito interessante! Parabéns!
    • danikrugets
      Obrigado, Luana! Continue com a gente!
  2. José Ricardo
    sensacional, parabéns pelo post
  3. A gente invadiu. asudhsaudhuashduashduash
  4. […] de 2012, ele já invadiu um antigo prédio prédio soviético usado na Segunda Guerra Mundial e contou em detalhes pra gente o que tem lá […]
  5. […] do Felipe Tofani, já que contamos duas histórias dele alguns meses atrás. A primeira foi a invasão de um antigo prédio soviético em Berlim e a segunda a fantástica caminhada que ele fez da capital alemã até a fronteira com a […]

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