Soweto radical: bungee-jump e queda livre!

Sabe quando duas coisas não têm nada a ver entre si, mas de repente você consegue ver uma conexão entre elas?

Acabou de acontecer algo assim comigo, enquanto pensava em escrever esse post.

Eu explico.

No post anterior, eu falei sobre o emocionante passeio de bicicleta que fiz pelo Soweto e como tive a oportunidade de conhecer um pouco da impressionante história daquele lugar e das pessoas que viveram e vivem no bairro mais famoso de Joanesburgo. Eles viveram um dos capítulos mais absurdos da história humana e se mantiveram de pé, mesmo diante de tantas adversidades.

Depois que a pedalada acabou, eu tinha um outro destino dentro do Soweto: o complexo de Orlando Towers. Trata-se de um lugar exclusivamente dedicado à diversão: lá dentro, você pode saltar de bungee-jump, experimentar uma queda livre de 40 metros, jogar paintball, praticar arco e flecha (!!!), fazer um churrasco com os amigos, assistir ao jogo da semana (no dia que eu fui tava rolando um África do Sul x Nova Zelândia pelo mundial de rugby, que é o esporte mais popular por lá, e por isso o complexo estava lotado!) e claro, beber. Essa última parte parece ser a atividade que a rapaziada mais gosta por lá.

Mas enfim, minha missão na Orlando Towers era uma só: despencar de uma pequena plataforma por menos de 3 segundos até atingir uma rede, que eu imaginava ser segura. Foi aí que veio a conexão com o meu passeio da manhã: a emoção! Mesmo que de tipos  diferentes, ainda assim foram duas fortes emoções no mesmo dia. E o mais legal é que tudo isso aconteceu no meu primeiro dia no país.

Eu nem tive muito tempo pra imaginar como seria essa brincadeira toda, porque só descobri que ela existia uma semana antes do meu embarque pra África do Sul.

Quando vi os vídeos da campanha que a Fabi e o Pato, do Nalu Pelo Mundo, realizaram lá, vi esse negócio e aí fiquei aficcionado em fazer.

Dá uma olhadinha e vê se você também não fica a fim:

As duas torres são uma espécie de marca registrada do Soweto.

Elas são tão grandes que podem ser vistas de qualquer lugar do bairro.

Durante o passeio que falei no post anterior, dava pra ver as duas gigantes, sempre imponentes, mesmo a alguns quilômetros de distância.

Soweto Radical

Durante 56 anos - entre 1942 e 1998 - essas duas torres foram usadas para a geração de energia em Joanesburgo e em 2006, 8 anos depois de ser desativada, começou o plano de transformar a área em um lugar de lazer para os moradores.

Como eu só havia visto as torres de muito longe, não tinha muito bem a noção da altura que me esperava. E à medida em que o horário de irmos pra lá foi chegando, o frio na barriga aumentava em progressão geométrica.

Depois de alguns minutos rodando pelo Soweto, eis que chegamos até o estacionamento das torres.

A visão lá de baixo foi um pouco tensa, confesso. Não é todo dia que você aceita cair de dentro de um buraco escuro a 70 metros do chão. E veja bem: dizer "70 metros" não significa nada até que você esteja lá e veja a altura do problema. E ele era alto, muito alto!

Além disso, fui recebido por gritos desesperados e a tranquila imagem de ver alguém pendurado de cabeça pra baixo depois de se jogar no vazio entre duas torres de energia no meio da cidade.

Bem relaxante.

Soweto Radical

Soweto Radical

Entrei no complexo e fui andar um pouco lá dentro, pra ver tudo o que tinha. Como falei ali em cima, são várias opções e fui até a torre da direita, onde a queda livre é realizada.

Existe uma área pra você assistir as outras pessoas caindo e muita gente fica lá dando risada do desespero alheio.

Só de entrar lá, o frio na barriga já se manifesta, porque assim que você olha pra cima, já vê um buraco imenso e um pontinho, que é a plataforma de lançamento. O negócio é tão alto que você só consegue identificar que tem uma pessoa ali depois que ela já começou a queda.

Soweto Radical

Saí da torre e voltei pra área do bar, ainda na dúvida se tomava uma cerveja antes da queda pra relaxar um pouco, mas fui avisado de que não seria muito agradável beber antes de realizar uma atividade que gera muita emoção ao estômago. Achei prudente seguir o conselho e deixar a cerveja pra depois.

Alguns minutos, que obviamente pareceram horas, se passaram até que nossa hora de subir - pra depois cair - chegou. Fomos chamados pra ouvir os procedimentos de segurança, algumas dicas de como diminuir o sofrimento e claro, como se divertir ao máximo naquela experiência única.

Lá fomos nós pela portinha lateral da torre até o centro dela, de onde a plataforma sobe com os malucos da hora. Estávamos num grupo de 5 pessoas, mas a plataforma só comporta 3 saltadores ao mesmo tempo.

Eu queria ter ido logo de cara, pra acabar com aquele sofrimento o quanto antes, mas obviamente, a sorte não tava do meu lado, então fiquei com o quarto posto, tendo que assistir os três primeiros saltarem na minha frente.

Lá de baixo tudo era muito divertido, mas já de repente você ouve um grito da morte que dura milissegundos e, de repente, a pessoas estão ali do seu lado sorrindo e dizendo o quão legal essa experiência é.

Mas até que chegasse a minha vez, a tensão foi o fator dominante.

Finalmente, os três na minha frente desceram, e aí a Cris e eu subimos no carrinho que nos levaria lá pra cima. Eu implorei pra ela me deixar cair primeiro, porque o ato de subir devagarinho era muito pior do que cair. Ela deu risada e deixou. Valeu mesmo, Cris!

Agora não tinha mais o que fazer, tava na minha hora. O guia lá de cima repassa os procedimentos de segurança e te amarra. Depois disso, ele pede pra você tirar os pés do chão e se jogar ali no buraco da parte de baixo, pra ele fazer a contagem regressiva antes de te soltar.

Claro que eu sabia que havia uma rede gigante me esperando, claro que eu sabia que a corda era segura e claro que eu sabia que em três segundos eu estaria dando risada daquilo tudo.

Mas não importa. No pouco tempo que você fica ali pendurado esperando o sujeito te soltar, a morte é uma certeza constante e absoluta. Você fica numa situação em que não pode fazer nada, tudo depende dos outros. É a coisa mais legal do mundo, esse misto de desespero com excitação e vontade de cair logo. Difícil descrever, mas é assim mesmo. Muita coisa ao mesmo tempo passando pela cabeça.

O monitor começou a contar e eu já tava gritando "FUCK" repetidamente, porque queria que ele entendesse o meu sentimento. Não adiantou nada, já que no segundo seguinte ele me soltou e lá fui eu, 40 metros abaixo.

A queda é fantástica, de verdade. Eu já saltei de pára-quedas e bungee-jump (logo mais conto essa parte!) e nessas duas atividades você cai olhando pro chão, vendo pra onde está indo. Na queda livre, não. Você cai olhando pra cima, olhando pro céu.

Eu não sei dizer se isso é melhor ou pior, mas tornou a experiência muito mais legal porque foi inédita pra mim. Ao invés do chão se aproximando, eu vi o céu indo embora. Legal demais!

Cheguei na rede gritando um pouco mais, dando risada e o principal, com um sorrisão no rosto. Vale muito a pena! Se você tiver a oportunidade, não desperdice, vá até a Orlando Tower se divertir. Essa queda livre custa 400 Rands, algo em torno de 100 reais, um preço muito baixo se comparado a outras atividades radicais pelo mundo (um salto na Nova Zelândia pode custar até 500 reais pra se ter uma idéia).

Infelizmente, o sistema de gravação deles não estava funcionando nesse dia, então o único registro que tenho dessa loucura é esse videozinho de celular que meu amigo Simon gravou.

Apesar da qualidade precária, acho que dá pra ouvir um pouco dos meus gritos.

Saindo da torre eu corri pro bar, porque aquela cerveja ainda tava me esperando. E desceu bem demais!

O Viagem Criativa viajou á África do Sul a convite do South African Tourism e com o apoio do Travel Concept Solutions, South African Airways e Detecta Hotel

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comentários

2 Responses

  1. André, você acha mesmo que ia conseguir ler mais tarde? Não. hahaha Quando li o post ouvi você sua voz falando "o grito da morte", juro. kkkkkkk Comparando com os outros saltos, nesse eu estava na tranquilidade de Buda. Mas de toda forma, dá um medo da porra! Beijo querido!!!
    • hahaha mas eh pq o grito foi da morte mesmo! nesse ai eu tava com medo sim!
  2. […] a pequena série de atividades radicais que eu fiz lá na África do Sul - que já teve queda livre no Soweto e swing do estádio de Durban -, hoje chegamos até o maior bungee-jump a partir de uma ponte no […]

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